E era justamente enquanto toda a cidade dormia que ela
ficava inquieta, inconsolável. Era justamente quando todos dormiam que ela
ficava acordada não por não ter sono, pois isso ela tinha e tinha em demasia,
mas era pelo fato de estar justamente cansada que ela ficava acordada, pois o
cansaço dela era físico e mental. E o cansaço mental é que preocupa pois ele
está muito além de ser entendido.
O cansaço mental consome e desnorteia de tal maneira que ela
chegava a conversar com a lua, a sua única companhia naquela noite e sua única
amiga, é fato que ela é inconstante, que tem várias faces, mas a diferença que
se encontrava na lua era que ela não esconde suas diversas faces de ninguém,
ela não trata com falsidade os outros e não demonstra antipatia e descriminação
por ninguém, ela é a mesma com todos sem tirar nem por...
E era nisso que a menina pensava, que a lua não a cobra de
nada, que com a lua ela não se sente obrigada a nada que não queira, não importa
qual caminho ela toma a única certeza que a menina tinha era que a lua a
acompanharia sem problemas para onde ela for. Se ele decidisse abandonar a
faculdade, ou melhor se ela decidisse fazer a faculdade, se ela pegasse a
mochila e a jogasse nas costas disposta a conhecer o mundo, ou até mesmo se a
decisão dela fosse permanecer em casa deitada na cama para sempre.
A única verdade que a garota carregava em seu coração era
que jamais a lua iria lhe abandonar mesmo sendo inconstante, aliás era nisso
que a menina tanto invejava a lua: ela era inconstante. Era inconstante e
ninguém reclamava disso nela, ao contrário as pessoas admiram isso na lua, mas
não podem em hipótese alguma suportar isso no ser humano.